Sem políticas de contenção efetivas, em 2030 teremos 49 milhões de veículos nas ruas brasileiras contribuindo para as 40,4 bilhões de toneladas (39% a mais do que o registrado em 2006) de gás carbônico despejados na atmosfera no mundo. Mas existem caminhos para, pelo menos, amenizar esse cenário sombrio que cada dia assume formas mais claras e assustadoras. O Brasil possui condições de diminuir os níveis de liberação de CO2 nos próximos 21 anos transformando o alimento que sai da terra em combustível. Produtos comuns à nossa mesa, como mandioca, abacate e óleo de soja, estão virando alternativas para uma frota veicular mais verde. Mas, como era de se esperar, as maiores apostas para uma matriz energética mais limpa estão no etanol oriundo das mais de 500 milhões de toneladas de cana-de-açúcar produzidas na atual safra.
Desde a criação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool), em 1975, estima-se que os carros brasileiros deixaram de jogar 800 bilhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia. Para Ricardo Dorneles, diretor do departamento de combustíveis renováveis do ministério, essa diminuição pode crescer. “Pretendemos chegar em 2030 com a participação de 19% do etanol em nossa matriz energética. O índice atual é de 14%”, prevê. “Tendo em vista que iremos dobrar a produção de energia até lá, a perspectiva é de que o consumo de álcool cresça mais que o dobro.”
Para acompanhar essa tendência, pesquisadores estão apostando em estratégias que vão desde melhorias genéticas para que a cana produza mais sacarose até um novo procedimento de produção de etanol a partir do bagaço da cana. “No futuro teremos o sequenciamento genético das enzimas utilizadas, o controle de como elas são produzidas, além do genoma da planta. Haverá uma combinação de processos para chegar a uma quarta geração de etanol, teoricamente mais eficiente”, descreve Marcos Buckeridge, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biotecnologia para o Bioetanol e diretor-científico do Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE).
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