Página especial comemora o aniversário e traz sugestões de ’curadores especiais’
Foto: YouTube/Reprodução
Foto: YouTube/Reprodução
No começo deste ano, o mais popular vídeo de todos os tempos no YouTube - um clipe de 2007 que mostra um bebê britânico mordendo alegremente o dedo de seu irmão mais velho - foi suplantado por uma ousada estreia.
Estou falando do sinuoso vídeo de Lady Gaga para seu single "Bad Romance", que usava como tema a ficção científica. A ocasião simboliza alguma coisa: o YouTube, subsidiária do gigante das buscas online, Google, está amadurecendo. No passado conhecido primordialmente por vídeos sobre gatos que andam de skate, nerds dançando e diversas gracinhas de bebês, o YouTube hoje oferece uma combinação de vídeos mais profissionais que atraem audiências cada vez maiores e mais atentas.
"Nosso maior desafio é garantir que não provemos coisas demais", disse Chad Hurley, o discreto e modesto co-fundador e presidente-executivo do YouTube, em uma longa entrevista na semana passada.
Essa cornucópia de conteúdo parece estar fazendo do YouTube - considerado por muitos um investimento de risco ao ser adquirido por US$ 1,65 bilhão em 2006 - uma das mais inteligentes jogadas do Google. Na segunda-feira, o serviço está comemorando seu quinto aniversário, com o anúncio de que ultrapassou a marca dos dois bilhões de vídeos assistidos ao dia. O YouTube anunciou também que havia atingido a marca do bilhão diário de vídeos assistidos em outubro.
Um dos fatores que reforça a crescente audiência do YouTube é a popularidade de transmissões ao vivo como as de jogos de críquete da Indian Premier League, e a incorporação de vídeos de orientação diretamente aos resultados de busca do Google.
O YouTube também abriga um grande catálogo de vídeos musicais que contêm publicidade, graças à parceria do Google com três das quatro grandes gravadoras norte-americanas, em um projeto chamado Vevo.
Hurley, 33, disse que o foco do YouTube era cada vez mais o de mostrar aos usuários o que seus amigos estão assistindo, como forma de ajudar as pessoas a se orientar entre as dezenas de milhares de horas de vídeo subidas para o site a cada dia. Ele também alega que número cada vez maior de detentores de direitos autorais vem discretamente permitindo que usuários usem trechos de seu conteúdo para mash-ups e paródias, "ainda que muitos deles talvez prefiram não admitir o fato por motivos de negócios".
Hurley se recusou a discutir o desempenho financeiro do YouTube, ainda que tenha mencionado uma tendência geral de melhora nos resultados. Executivos do Google disseram em janeiro que o site, que sempre operou no vermelho, havia elevado sua receita e que o espaço publicitário nas home pages do YouTube em 20 países estava sendo completamente vendido, no final de 2009. Muitos analistas consideram que o YouTube pode sair do vermelho este ano pela primeira vez, depois de cinco anos de grandes prejuízos gerados pelos seus custos de banda e armazenagem.
O YouTube também passou por outra batalha difícil em outro campo: até agora não conseguiu convencer os principais estúdios de cinema e redes de TV norte-americanos de que pode ser considerado como veículo para outra coisa que não trechos curtos de programas mais extensos.
Em janeiro, o YouTube lançou um serviço de locação de vídeo, ainda que só ofereça produções independentes e de estúdios de Bollywood. James McQuivey, analista da Forrester Research, disse que a parceria Vevo entre o YouTube e as gravadoras "demonstra o que o serviço pode fazer ao cooperar com o setor de mídia. Ela é de fato uma das primeira legitimações do YouTube como plataforma comercial".
Hurley indicou que convencer as companhias de mídia a trabalhar com o YouTube deixara de ser uma meta importante, acrescentando que procurar uma cooperação com o Hulu.com, o site de vídeo da Fox, NBC and ABC, "pode ter nos distraído de questões mais importantes".
O Hulu "começa a enfrentar problemas em termos de seu modelo de longo prazo e relacionamento com seus proprietários", apontou Hurley, se referindo à crescente inquietação das redes de TV com a prática de oferecer programas gratuitamente na internet em formato stream, já que a receita da publicidade online é significativamente inferior à da publicidade em TV.
Uma possibilidade é que o YouTube comece a procurar vídeos de outras fontes online, disse Hurley, "indexando mais vídeos onde quer que residam", e conduzindo usuários a eles, mesmo que os vídeos não estejam hospedados nos servidores do YouTube. O serviço já opera o segundo mais popular dos serviços mundiais de busca (atrás, é claro, do Google), de acordo com a comScore.
Um dos fatores que propelem o crescimento do YouTube é a disponibilidade cada vez maior da Internet em televisores familiares, por meio de aparelhos como os gravadores digitais de vídeo TiVo e Roku. O Google está planejando apoiar essa tendência com toda força em sua conferência anual de programadores, que acontece esta semana em San Francisco.
A companhia planeja introduzir a Google TV, plataforma de software para televisão que está desenvolvendo com a Sony, Intel e Logitech, de acordo com pessoas informadas sobre seus planos mas não autorizadas a discuti-los publicamente.
O YouTube deve desempenhar papel importante em conduzir uma ampla variedade de vídeos à plataforma Google TV, e Hurley alegou que a ascensão dos vídeos de internet nos televisores era inevitável. "Não creio que continuará a existir grande diferença entre um celular, um computador e um televisor. Tudo dependerá de tamanho e apresentação", disse.
Por fim, Hurley expressou seu respeito empresarial a um caótico, controverso e subitamente popular serviço, que se parece um pouco com o YouTube de cinco anos atrás: o ChatRoulette. O site, criado por Andrey Ternovskiy, 18, de Moscou, permite que pessoas se envolvam em conversas aleatórias instantâneas com interlocutores desconhecidos.
O ChatRoulette "demonstra que ainda resta muito a ser feito com o vídeo online", disse Hurley, acrescentando que Ternovskiy, que ele diz que gostaria de encontrar, "tem a atenção do mercado e a oportunidade de realizar coisas ótimas".
Tradução: Paulo Migliacci ME
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente dê sua opinião ou sugestões em nosso Blog